Duas flores ficaram presas 30 milhões de anos em âmbar
- kelly Andrade
- 20 de fev. de 2016
- 3 min de leitura
São os fósseis mais antigos do grande grupo de plantas asterídeas, onde se inclui a batateira, o cafeeiro e a oliveira. Mas a Strychnos electri, a nova espécie, faz parte de um género de plantas venenosas.

Imagem: Flor inteira
Há cerca de 30 milhões de anos, um pedaço de resina de uma árvore capturou duas flores de uma planta que vivia numa montanha situada no que hoje é o Norte da República Dominicana, conhecida por ter um reservatório rico de fósseis preservados em âmbar. É vulgar encontrarem-se insectos e outros artrópodes intactos no âmbar. No caso das plantas, só se costumam descobrir pequenos fragmentos. Por isso, estas duas flores, com as suas pétalas e outras estruturas bem conservadas, representam uma rara oportunidade de viajar ao mundo vegetal do passado, mostra um artigo publicado na revista Nature Plants.
As duas flores serviram para definir a espécie Strychnos electri (electri vem de elektron, âmbar em grego), hoje extinta. Mas são também os mais antigos fósseis descobertos das asterídeas, um dos grandes grupos evolutivos das angiospérmicas (as plantas com flor) que conta com 80.000 espécies, onde se inclui a batateira, o cafeeiro, a oliveira, a planta da batata-doce, a lavanda, o girassol, o jasmim, o freixo e o sésamo. Mas a Strychnos electri pertence a um género mais conhecido por ter plantas que produzem venenos poderosos como a estricnina, um famoso pesticida de ratos.
Há cerca de 200 espécies do género Strychnos, da família da Loganiaceae. Estas plantas existem em todos o mundo na região dos trópicos, crescendo como arbustos ou trepadeiras. Só restando as flores, é impossível aos botânicos terem uma ideia de como era uma planta desenvolvida da Strychnos electri. Ainda assim, os fósseis deixam os biólogos maravilhados.
Em 1986, numa expedição à cordilheira setentrional da República Dominicana, George Poinar trouxe juntamente com estas flores outros 500 fósseis conservados em âmbar, a maioria insectos. O biólogo passou décadas entretido a estudar os insectos, até que finalmente as flores lhe despertaram curiosidade.
Lena Struwe, botânica da Universidade de Rutgers, serviu-se de fotografias e de flores de outras espécies do género Strychnos para as comparar com os fósseis. A conclusão foi que a forma dos novos espécimes eram suficientemente semelhante à das flores das outras espécies de Strychnos para serem incluídos neste género, mas apresentavam diferenças que também os tornam únicos. O estilete (o tubo comprido que faz parte do ovário da planta) é muito grande em relação ao comprimento do resto da flor, que tem menos de um centímetro, e está completamente fora da corola (o conjunto das pétalas). Nas outras espécies de Strychnos, a corola é mais comprida e o estilete está metido mais para dentro.
De resto, as flores da Strychnos electri são caracterizadas por terem a forma de corneta com as cinco pétalas parcialmente fundidas. Vistas de cima, é fácil reconhecer cinco estames (os órgãos sexuais masculinos que produzem o pólen) no interior da flor junto das pétalas. Do meio, sai o estilete comprido. As sépalas e o resto do ovário estão ausentes e terão sido separados do resto das flores antes delas terem sido engolidas pela resina.
Link: Público
Comentário: Este é um dos alguns processos de fossilização, neste caso é o da conservação. Neste tipo de fossilização, os organismos ou parte deles são preservados sem alteração ou com pequenas modificações. Este processo engloba a mumificação, em que o corpo é desidratado e fica como embalasamado. A conservação só ocorre quando o organismo está totalmente envolvido num meio asséptico, como seja resina fóssil ou âmbar, gelo, alcatrão, etc.
É incrível que, passados 30 milhões de anos, ambas as flores estejam conservadas em âmbar. Por isso, é realmente importante haver o estudo deste tipo de fósseis...
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